Main Article Content

Resumo

As sociedades humanas acumulam conhecimentos sobre suas realidades de mundo no transcorrer do tempo, tanto as de tradução oral quanto as de tradição escrita. Esses conhecimentos incluem também as informações sobre as plantas e animais que estão em contato com essas sociedades e que por elas são utilizados de diferentes maneiras e finalidades. Desde as pinturas rupestres até os herbários do século XVII, esses conhecimentos seculares são registrados. Nas tradições orais, cujos conhecimentos passam de geração para geração pela oralidade e experiência do uso, as sabedorias botânicas têm sido estudadas pela ciência e registradas pela etnobotânica, em pesquisas realizadas junto a etnias indígenas e comunidades quilombolas, caiçaras, ribeirinhas e tradicionais e, também, nas religiões afro-brasileiras, sobre as várias utilizações que as plantas têm para essas comunidades.

Palavras-chave

etnobotânica biogeografia tradição oral tradição escrita religiões afro-brasileiras

Article Details

Biografia do Autor

Yuri Tavares Rocha, Universidade de São Paulo

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor em Geografia, pós-doutoramentos na Universidade Federal de São Carlos (2011) e na Universitat Autònoma de Barcelona (2016). Professor doutor do Departamento de Geografia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo. Membro da International Biogeography Society e líder de grupo de pesquisa Biogeografia, do Diretório dos Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Como Citar
ROCHA, Y. Sabedorias botânicas. Estudos Afro-Brasileiros, v. 1, n. 2, p. 247-283, 17 out. 2020.

Referências

  1. ALEXIADES, Miguel. Apresentação. In: ALBUQUERQUE, Ulisses; LUCENA, Reinaldo; CUNHA, Luiz. Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Recife: NUPEEA, 2010. p. 17-18.
  2. ANDEL, Tinde et al. The forgotten Hermann Herbarium: a 17th century collection of useful plants from Suriname. Taxon, v. 61, n. 6, p. 1296-1304, 2012.
  3. ANDEL, Tinde. Prioritizing West African medicinal plants for conservation and sustainable extraction studies based on market surveys and species distribution models. Biological Conservation, v. 181, p. 173-181, 2015.
  4. BANDEIRA, Fábio. Prefácio. In: ALBUQUERQUE, Ulisses; LUCENA, Reinaldo; CUNHA, Luiz. Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Recife: NUPEEA, 2010. p. 11-13.
  5. BARROS, José Flávio Pessoa de. O segredo das folhas: sistema de classificação de vegetais no Candomblé Jêje-Nagô do Brasil. Rio de Janeiro: Pallas/UERJ, 1993.
  6. BARROS, José Flávio Pessoa de; NAPOLEÃO, Eduardo. Ewé òrìsà: uso litúrgico e terapêutico dos vegetais nas casas de Candomblé Jêje-Nagô. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
  7. BARROS, José Flávio Pessoa de. A floresta sagrada de Ossaim: o segredo das folhas. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.
  8. BOGAERT, Jan; VRANKEN, Isabelle; ANDRÉ, Marie. Anthropogenic Effects in Landscapes: Historical Context and Spatial Pattern. In: HONG, Sun-Kee; BOGAERT, Jan; MIN, Qingwen (Ed.) Biocultural landscapes: diversity, functions and values. Dordrecht: Springer, 2014, p. 89-112.
  9. BRIDGEWATER, Peter; ROTHERHAM, Ian. A critical perspective on the concept of biocultural diversity and its emerging role in nature and heritage conservation. People and Nature, v. 1, n. 3, p. 291-304, 2019.
  10. BYE, Robert. An 1878 ethnobotanical collection from San Luis Potosí: Dr. Edward Palmer’s first major Mexican collection. Economic Botany, v. 33, n. 2. p. 135-162, 1979.
  11. FILGUEIRAS, Tarciso; PEIXOTO, Ariane. Flora e vegetação do Brasil na Carta de Caminha. Acta Botanica Brasilica, v. 16, n. 3, p. 263-272, 2002.
  12. GOMES, Hugo et al. Identification of organic binders in pre-historic pigments through multiproxy archaeometric analyses from the Toca do Paraugaio and Boqueirão da Pedra Furada shelters (Serra da Capivara National Park, Piauí, Brazil). Rock Art Research, v. 36, p. 214-221, 2019.
  13. HARSHBERGER, Jonh. Ethno-Botanic Gardens. Science, v. 7, p. 203-205, 1896.
  14. HEAD, Lesley. Cultural ecology: adaptation - retrofitting a concept? Progress in Human Geography, v. 34, n. 2, p. 234-242, 2010.
  15. JETER, Marvin D. Edward Palmer: Present before the creation of Archaeological stratigraphy and associations, formation processes, and ethnographic analogy. Journal of the Southwest, v. 41, n. 3, p. 335-358, 1999.
  16. JORGE, Érica. Francisco Rivas Neto e a constituição do campo teológico afro-brasileiro. Estudos Afro-brasileiros, v. 1, n. 1, p. 85-106, 2020.
  17. LINARES, Olga. African rice (Oryza glaberrima): History and future potential. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 99, n. 25, p.16360-16365, 2002.
  18. LOURDEAU, Antoine. A Serra da Capivara e os primeiros povoamentos sul-americanos: uma revisão bibliográfica. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 14, n. 2, p. 367-398, 2019.
  19. LUNA, Fernando. Sobre um herbário ilustrado do início da Era Moderna traduzido para o português: o livro História das plantas, de João Vigier. Revista Brasileira de História da Ciência, v. 9, n. 2, p. 219-234, 2016.
  20. MAUZ, Kathryn. Edward Palmer’s whereabouts known, August-September, 1867. Brittonia, v. 60, n. 1, p. 93-98, 2008.
  21. McVAUGH, Rogers; KEARNEY, Thomas. Edward Palmer’s collections in Arizona in 1869, 1876, and 1877. The American Midland Naturalist, v. 29, n. 3, p. 768-778, 1943.
  22. NORDER, Sietze. Alexander von Humboldt (1769-1859): connecting geodiversity, biodiversity and society. Journal of Biogeography, v. 46, n. 8, p. 1627-1630, 2019.
  23. NORTON, Stata. Lily Y. Beck, trans. De materia medica by Pedanius Dioscorides. Journal of the History of Medicine and Allied Sciences, v. 61, n. 2, p. 218–220, 2006.
  24. PASA, Maria; ÁVILA, Gabriela. Ribeirinhos e recursos vegetais: a etnobotânica em Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil. Interações, v. 11, n. 2 p. 195-204, 2010.
  25. PATZLAFF, Rubia; PEIXOTO, Ariane. A pesquisa em etnobotânica e o retorno do conhecimento sistematizado à comunidade: um assunto complexo. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 16, n.1, jan.-mar. 2009, p.237-246.
  26. PESSIS, Anne-Marie; GUIDON, Niède. Dating rock art paintings in Serra de Capivara National Park. Adoranten, v. 2009, n. 1, p. 49-59, 2009.
  27. POSSA, Cláudia. Imagem, oralidade e escrita: uma análise da trajetória de Pierre Fatumbi Verger. Afro-Ásia, n. 45, p. 185-194, 2012.
  28. PRANCE, Ghillean. Ethnobotany, the science of survival: a declaration from Kaua’i. Economic Botonaty, v, 61, n. 1, p. 1-2, 2007.
  29. RIDDLE, Jonh. Pedanius Dioscorides of Anazarbus, De materia medica, transl. Lily Y Beck. Medical History, v. 50, n. 401, p. 553-554, 2006.
  30. RIVAS, Maria Elise. Entre teologias e preconceitos. Estudos Afro-brasileiros, v. 1, n. 1, p. 57-84, 2020.
  31. RIVAS, Maria Elise. O que reza minha tradição: umbanda esotérica ou iniciática. São Paulo: Arché, 2020.
  32. RIVAS NETO, Francisco. Umbanda, a proto-síntese cósmica: epistemologia, ética e método da Escola de Síntese. Rio de Janeiro: Freitas Bastos. 1989.
  33. RIVAS NETO, Francisco. Umbanda: o elo perdido. São Paulo: Ícone, 1994.
  34. RIVAS NETO, Francisco. Candomblé: teologia da saúde. Itanhaém: Arché, 2017.
  35. RIVAS NETO, Francisco et al. Ervas nas religiões afro-brasileiras. Revista Triplo V de Artes, Religiões e Ciências, n. 28, p. 1-18, 2012.
  36. ROCHA, Joyce; BOSCOLO, Odara; FERNANDES, Lúcia. Etnobotânica: um instrumento para valorização e identificação de potenciais de proteção do conhecimento tradicional. Interações, v. 16, n. 1, p. 67-74, 2015.
  37. RODRIGUES, Maria de Fátima. Tem Truká na aldeia: narrativa de um trabalho de campo na ilha de Assunção, Cabrobó-PE. Okara: Geografia em debate, v. 1, n. 1, p. 101-117, 2007.
  38. ROSE, John. List of plants collected by Dr. Edward Palmer in 1890 on Carmen Island. Contributions from the United States National Herbarium, v. 1, n. 5, p. 129-134, 1892.
  39. SADIER, Benjamin et al. Further constraints on the Chauvet cave artwork elaboration. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 109, n. 21, p. 8002-8006, 2012.
  40. SALOMÃO, Ricardo. Tradição, práticas e rituais e afirmação étnica entre os Tuxá de Rodelas. Cadernos do Leme, v. 3, p. 25-55, 2011.
  41. SCHRODT, Franziska et al. Challenges and opportunities for biogeography - What can we still learn from von Humboldt? Journal of Biogeography, v. 46, n. 8, p. 1631-1642, 2019.
  42. SILVA, Paulo Henrique et al. As etnobotânicas e as plantas medicinais sob a perspectiva da valorização do conhecimento tradicional e da conservação ambiental. Revista de Ciências Ambientais, v. 9, n. 2, p. 67-86, 2015.
  43. SIMMONS, Ian. Biogeografía natural y cultural. Barcelona: Omega, 1982.
  44. SOUZA, Osvaldo. Georg Marggraf: o primeiro herborizador do Brasil. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, v. 3, p. 25-29, 2006.
  45. SAFFORD, William. Edward Palmer. American Fern Journal, v. 1, n. 6, p. 143-147, 1911.
  46. VAN ANDEL, Tinde. African slaves recognized American plants. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 111, n. 50, p. E5346-E5353, 2014.
  47. VAN ANDEL, Tinde. Ethnobotany: linking traditional plant use to health, history and heritage. Wageningen: Wageningen University, 2016.
  48. VASCONCELOS, Rute et al. Estudo etnodirigido de plantas medicinais utilizadas por tribos indígenas em dois contextos sociogeográficos distintos nas margens do rio São Francisco. In: Simpósio de Plantas Medicinais do Vale do São Francisco (PLAMEVASF), 7., 2019, Juazeiro. Anais eletrônicos… Juazeiro: Univasf, 2019. Disponível em: http://www.plamevasf.univasf.edu.br/arquivos_anais/Bot3083.pdf. Acesso em: 9 set. 2020.
  49. VASEY, George; ROSE, John. List of plants collected by Dr. Edward Plamer in lower California and Western Mexico in 1890. Contributions from the United States National Herbarium, v. 1, n. 3, pp. 1-6, 1890.
  50. VERGER, Pierre. Ewe: o uso das plantas na sociedade iorubá. São Paulo: companhia das Letras, 1995.
  51. WULF, Andrea. A invenção da natureza: a vida e as descobertas de Alexandre von Humboldt. São Paulo: Planeta, 2016.